No outro lado do mundo, o Japão também protagonizou cenas de terror com a famosa Unidade 731. Oficialmente apresentada como um centro de pesquisas sanitárias, essa unidade militar realizou experiências desumanas em prisioneiros de guerra. Pessoas foram infectadas propositalmente com doenças, submetidas a vivissecção (dissecação de pessoas vivas) sem anestesia e usadas como cobaias para armas biológicas. A crueldade foi tão chocante que, após a guerra, muitos cientistas envolvidos escaparam de julgamento, em troca de entregar seus resultados experimentais aos Estados Unidos.
A guerra também produziu personagens que se tornaram símbolos, para o bem ou para o mal. O norueguês Vidkun Quisling, por exemplo, colaborou com os nazistas durante a ocupação de seu país. Sua traição foi tão marcante que seu sobrenome passou a ser usado, em inglês, como sinônimo de "traidor". Até hoje, chamar alguém de “quisling” é compará-lo a um colaboracionista sem escrúpulos.
Entre os massacres que marcaram a guerra, um dos mais brutais foi o de Babi Yar, em Kiev, na Ucrânia. Em apenas dois dias, em setembro de 1941, as tropas nazistas executaram mais de 33 mil judeus, jogando seus corpos em um penhasco. O massacre foi tão grande que o solo encantado de sangue durante semanas, um retrato aterrorizante do genocídio que se espalhou pela Europa.
Ao mesmo tempo, enquanto a morte assolava os campos de batalha, a tecnologia militar ganhava proporções gigantescas. O Schwerer Gustav, canhão nazista com mais de 1.300 toneladas e 47 metros de comprimento, foi considerado a maior arma de artilharia do mundo. Apesar de seu tamanho impressionante, era extremamente pouco prático, disparando apenas uma vez a cada 45 minutos. Muitos historiadores o consideram mais um capricho de propaganda nazista do que uma arma realmente eficiente.
Outro episódio marcante foram as chamadas marchas da morte. Quando os nazistas perceberam que estavam prestes a perder a guerra, forçaram prisioneiros de campos de concentração a caminharem por longas distâncias em meio ao inverno rigorosamente, tentando impedir que fossem libertados pelos Aliados. Em janeiro de 1945, cerca de 15 mil presos foram obrigados a marchar da Polônia até a fronteira alemã, e milhares morreram de frio, fome e exaustão ao longo do percurso.
Apesar do horror, também houve espaço para exemplos de coragem. Um deles veio das franco-atiradoras soviéticas, mulheres jovens que se alistaram no Exército Vermelho e se destacaram como atiradoras de elite. Entre elas, Lyudmila Pavlichenko, conhecida como "dama da morte", foi responsável por mais de 300 abates confirmados, tornando-se uma lenda militar. Sua atuação foi tão importante que, após a guerra, passou pelos Estados Unidos como parte de missões diplomáticas soviéticas.
Em meio à barbárie, algumas histórias se encontraram símbolos de esperança. O Diário de Anne Frank, publicado em 1947, é talvez o testemunho mais famoso do Holocausto. Escrito por uma adolescente judia escondida na Holanda ocupada, o livro já vendeu mais de 30 milhões de cópias e foi traduzido em mais de 50 idiomas, transformando-se em uma voz universal contra a intolerância e a perseguição.
Mas nem tudo se limitava à violência direta. A Segunda Guerra também foi marcada por operações de inteligência engenhosas e até criativas. O chamado “Exército Fantasma”, por exemplo, foi uma unidade especial dos Estados Unidos formada por artistas, engenheiros e cenógrafos. Eles ganharam tanques infláveis, salvaram filhos de batalha e confirmaram falsas para enganar os alemães, fazendo-os acreditar que enfrentariam forças muito maiores do que realmente estavam. Outra operação engenhosa foi a “Carne Moída”, na qual os britânicos receberam o corpo de um desconhecido para criar um falso militar oficial. O cadáver foi colocado no mar com documentos falsos que enganaram os alemães sobre o local de um ataque aliado, permitindo uma invasão bem-sucedida da Sicília.
A criatividade na guerra também herdou formas inusitadas, como os ratos explosivos. Essa ideia britânica consistia em pesquisar cadáveres de ratos com explosivos, para que fossem jogados em caldeiras alemãs e detonassem quando incinerados. Embora nunca tenham sido usados de fato, apenas a notícia de sua existência fez com que os alemães gastassem tempo e recursos preciosos caçando possíveis armadilhas.
Enquanto os homens estavam na linha de frente, algumas figuras femininas também desempenharam papéis marcantes. A então princesa Elizabeth, futura rainha da Inglaterra, serviu como motorista e mecânica aos 19 anos no Serviço Territorial Feminino, ajudando diretamente no esforço de guerra. Essa atuação reforça sua imagem de comprometimento e proximidade com o povo britânico.
A guerra ainda deixou marcas na infância. Muitas crianças ficaram órfãs e vagaram sem rumo em regiões devastadas, sobrevivendo em condições precárias. Na Alemanha e em áreas ocupadas, alguns ficaram conhecidos como “crianças-lobo”, pois viviam escondidas nas florestas, tão afastadas da vida em sociedade que eram comparadas a animais selvagens.
Por fim, é impossível não mencionar a devastação causada pelas bombas. Estima-se que os Aliados tenham lançado cerca de 3,4 milhões de toneladas de bombas durante o conflito, o que representa uma média de quase 28 milhões de toneladas por mês. Até hoje, algumas cidades europeias encontram explosivos não detonados enterrados no solo, lembrando que a guerra ainda não terminou totalmente.
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