O fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi um marco na história da humanidade, não apenas porque encerrou o maior conflito bélico já travado, mas também porque redesenhou completamente o mapa político e econômico do planeta. O processo de encerramento da guerra ocorreu em duas fases distintas: primeiro na Europa, em maio, com a derrota da Alemanha Nazista, e depois no Pacífico, em setembro, com a rendição do Japão. Na Europa, a queda do Terceiro Reich foi resultado de uma pressão militar vinda de todos os lados. A partir de 1944, após o desembarque aliado na Normandia e o avanço soviético no leste, a Alemanha passou a sofrer derrotas seguidas. Em abril de 1945, tropas soviéticas cercaram Berlim, enquanto os Aliados ocidentais ocupavam o oeste alemão. Dentro de um bunker, em 30 de abril de 1945, Adolf Hitler cometeu suicídio junto com Eva Braun, deixando o comando nas mãos do almirante Karl Dönitz. Sem condições de resistência, os alemães se submeteram, em 7 de maio de 1945, a rendição incondicional em Reims, França. No dia seguinte, 8 de maio, a vitória foi celebrada em toda a Europa, o chamado Dia da Vitória (VE Day), embora os soviéticos tenham registrado os dados em 9 de maio, por causa do fuso horário. Esse momento foi considerado a chamada “Hora Zero” (Stunde Null) para a Alemanha, simbolizando o fim do regime nazista e o início de um longo processo de retirada.

Apesar da rendição na Europa, o conflito ainda continuava no Pacífico, onde o Japão resistia mesmo após perder territórios estratégicos e ver sua marinha enfraquecida. Para acelerar o fim da guerra, os Estados Unidos recorreram a um armamento inédito e devastador: a bomba atômica. Em 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima foi destruída, resultando em mais de 100 mil mortos imediatos e milhares de sobreviventes com sequelas graves. Três dias depois, em 9 de agosto, foi uma vez em Nagasaki, onde outras bolsas de milhares de vidas foram ceifadas. Além disso, a União Soviética declarou guerra ao Japão em 8 de agosto e invadiu a Manchúria, ampliando ainda mais a pressão. Diante da devastação, o imperador Hirohito anunciou, em 15 de agosto de 1945, uma rendição incondicional do Japão, em um discurso histórico transmitido pela rádio — a primeira vez que a população japonesa ouviu a voz de seu imperador. A assinatura oficial da rendição ocorreu em 2 de setembro de 1945, a bordo do navio de guerra USS Missouri, na Baía de Tóquio, diante dos representantes dos Aliados. Esse dia ficou conhecido como VJ Day (Dia da Vitória sobre o Japão) e marcou definitivamente o fim da Segunda Guerra Mundial.
As consequências foram imensas. Estima-se que mais de 70 milhões de pessoas morreram, entre soldados e civis, tornando o conflito o mais letal da história. A Europa ficou em ruínas: cidades inteiras como Varsóvia, Berlim e Stalingrado foram destruídas, e milhões de pessoas viviam em condições precárias, sem moradia, comida ou trabalho. A Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação (controladas pelos Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França), iniciando o processo de desnazificação e residência. Já o Japão foi ocupado principalmente pelos Estados Unidos, sob a liderança do general Douglas MacArthur, e passou por profundas reformas políticas, econômicas e sociais, que transformaram o país em poucas décadas.
O impacto humano foi igualmente devastador. O Holocausto revelou ao mundo a dimensão dos crimes cometidos pelo regime nazista, com o extermínio sistemático de seis milhões de judeus e milhões de outras minorias perseguidas. Para responsabilizar os culpados, foram organizados os Julgamentos de Nuremberg, que marcaram uma vez que os líderes de um Estado foram julgados primeiramente por crimes de guerra e contra a humanidade.
Do ponto de vista político e geopolítico, a guerra cercou a hegemonia da Europa Ocidental e abriu espaço para o protagonismo de duas novas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética. Essa rivalidade logo se transformou na Guerra Fria, descrita por uma disputa ideológica, militar, tecnológica e econômica que durou até 1991. Ao mesmo tempo, em outubro de 1945, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de garantir a cooperação internacional e evitar novos conflitos de escala global.
As consequências econômicas também foram profundas. A Europa devastada precisava de apoio externo para se reerguer, o que teve origem no Plano Marshall, lançado pelos Estados Unidos em 1947, que trouxe recursos financeiros para a fronteira dos países aliados e ajudou a conter a expansão do comunismo. Por outro lado, a União Soviética consolidou a sua influência no Leste Europeu, estabelecendo governos satélites sob regime socialista.
Em outras partes do mundo, o fim da guerra acelerou o processo de descolonização. Países da Ásia e da África, enfraquecidos pela crise europeia, obtiveram a independência nas décadas seguintes. A Índia, por exemplo, tornou-se independente em 1947, e em vários territórios africanos os movimentos nacionalistas ganharam força.
Portanto, o fim da Segunda Guerra Mundial não foi apenas a vitória militar dos Aliados, mas sim o início de uma nova era mundial. Trouxe à tona horrores que a humanidade jurou nunca mais repetir, como os campos de concentração e o uso da bomba atômica, mas também abriu espaço para avanços em direitos humanos, justiça internacional e cooperação entre países. Ao mesmo tempo, lançou as bases para um novo tipo de conflito, a Guerra Fria, que manteve o mundo em constante tensão durante quase meio século.

Comments
Post a Comment